“CEB’s: Jeito novo de ser Igreja”
Estamos às vésperas de mais um Seminário das Comunidades Eclesiais de Bases (CEB’s) de nossa Diocese de Cruz Alta (será no dia 09 de Abril, na comunidade Nossa Senhora da Salete, no bairro Industrial em Ijuí), encontro que vai nos preparar para participar de nosso 11º Encontro Estadual de CEB’s (nos dias 01 a 04 de junho, em Canoas, com o tema: “Desvelando as raízes da Espiritualidade” e o lema: “Sepé Tiarajú ressuscita de novo nas lutas do povo”) que tem por objetivo fazer com que nossas comunidades voltem-se para uma espiritualidade mais encarnada, engajada e comprometida com o povo mais pobre de nossa sociedade. Também queremos refletir como estão e contribuir para com a reorganizar as nossas comunidades em todas as nossas dioceses do Estado, pois percebemos como, ainda hoje, existem pessoas que não conhecem a proposta das CEB’s e não sabem o que são as Comunidade Eclesiais de Bases. Aqui colocamos algumas explicações.
CEB’s (Comunidades Eclesiais de Bases) são:
COMUNIDADES – No Brasil são mais de 160 mil as pequenas comunidades. Reúnem, normalmente, os que vivem próximos, pessoas que se conhecem pelo nome, partilham suas vidas e seus problemas, põem em comum seus bens e esforços, e lutam juntos na defesa da vida.
ECLESIAIS – São pequenas células de um corpo maior, a Igreja. Tem o Reino de Deus como fundamento e sua justificativa de existirem. Têm consciência de que não são toda a Igreja. São parte de um todo maior. O eixo em torno do qual giram é a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é o coração das CEB’s. São um jeito original de a Igreja ser o ideal de Jesus.
BASES – Que significa povo, preferencialmente pobre, excluído, aquele que Jesus chamou de “pequeninos” (Mt 10, 42; 11, 25 – Lc 10, 21; 17, 2). Mas será que as CEB’s são só dos pobres ou só para os pobres? De “BASE” não se confunde com “pobres” ou “popular”, como se as comunidades eclesiais de base, por serem populares, só existiriam nas zonas rurais, periferias e bairros pobres. De fato, lá elas existem, porque é lá que se encontram pessoas com a vida de comunidade.
Se pessoas ricas ou de classe média não formam CEB’s, é devido a seu individualismo, inclusive individualismo religioso. O modelo das CEB’s é suficientemente amplo para conter todas as pessoas que, devido a sua fé num Deus-Comunidade queiram expressá-la numa comunidade eclesial. Puebla (nº 648) já falava no surgimento de CEB’s de classe média “adaptando à pastoral das grandes cidades” e já se concretizam em alguns locais do Brasil e são um fato no 1º mundo (Itália, França, Alemanha).
CEB’s é portanto, a menor parcela do povo de Deus onde há:
a) a experiência das relações interpessoais da fé;
b) o aprofundamento da Palavra de Deus;
c) a participação na Eucaristia;
d) a comunhão com os pastores da Igrejas;
e) o compromisso com a JUSTIÇA (cf DP 640; At 2, 42).
Estamos aí, somos CEB’s! Estamos vivas e dando novos frutos a cada dia...
Mas, voltamos à pergunta inicial: “quem tem medo das Comunidades Eclesiais de Bases (da verdadeira Igreja Popular, expressão do Povo de Deus)?” Digamos numa palavra e com toda a sinceridade: Todos/as aqueles/as que temos dificuldade em deixar nosso pedestal e em nos colocar à escuta humilde da voz dos historicamente sem voz pelos quais nos chegam hoje as grandes interrogações da consciência e a chance de conversão, vale dizer, de um encontro com o Servo Sofredor cuja Paixão se atualiza na paixão dos sofredores de nosso povo. A experiência das CEB’s nos leva a Ora/Ação e por isso as Comunidades de Base amedrontam aqueles que querem o povo “agalinhado”, sem acesso a informação, formação, educação de qualidade, organizado e principalmente que tenha uma religião que os liberta, que os leva ao amadurecimento de sua fé, para que não possam mais condicionar os seres humanos a meros consumidores (inclusive de uma igreja mercadológica que vem se instalando nos dias de hoje) e controlá-los como massa alienada. As CEB’s querem os Bispos, padres e todos/as sem distinção, encarregados da unidade e da inteligência da fé. Mas elas obrigam renunciar a todo autoritarismo, a toda prepotência e dominação pela verdade. Devolvem-nos os sentidos de Fraternidade, de Comunhão, de simplicidade e de mútuo aprendizado.
Por isso, convidamos a todos/as para fazerem a experiência e participarem das Comunidades Eclesiais de Base – CEB’s – que existem em seu bairro ou na paróquia mais próxima de você!
Juliano André Romitti Fleck
Militante de Pastorais e Movimentos Sociais